Terça-feira, 31 de Março de 2009
Sexta-feira, 27 de Março de 2009
Quinta-feira, 26 de Março de 2009
Amanhã, dia 27 de Março os alunos da Escola EB 1, 2, 3 e Jardim-de-infância de Góis comemoram o Dia Mundial da Floresta e da Água, com um conjunto de actividades dirigidas às diferentes faixas etárias, cujo objectivo principal é o de sensibilizar as crianças para a necessidade de conservar, proteger e respeitar a floresta e a água.
Enquanto os alunos do Jardim-de-infância e do 1º ciclo irão desenvolver actividades no Parque do Lazer da Quinta do Baião os dos 2º e 3º Ciclo irão desenvolver uma acção numa das aldeias de Xisto do concelho a Aigra Nova, estando programado um pedi-paper de 4 quilómetros, com a plantação de espécies autóctones em local tecnicamente adaptado e um piquenique no final, serão ainda convidadas diversas entidades relacionadas com a protecção da floresta, como as Equipas de Protecção Florestal, SEPNA, GIPS, Sapadores Florestais e Bombeiros.
Programa
DIA 27 DE MARÇO DE 2009
09:30h – Saída do autocarro da Escola Básica 2,3 de Góis
10:00h – Chegada do autocarro à AIGRA NOVA
Distribuição de brindes alusivos à Floresta
Visita à Maternidade de árvores
10:30h – Início da actividade “Caça ao Tesouro”
Objectivo:
1 – Sensibilizar os participantes para o espaço – Espécies Florestais e Cursos de Água;
2 – Interacção com a Polícia Florestal – sensibilização dos comportamentos a ter quando se está na floresta;
3 – Interacção com os Bombeiros Voluntários de Góis – sensibilização para atitudes defensivas perante um incêndio florestal;
11:00h – Encontro com os Sapadores Florestais, GIPS e SEPNA, que ajudarão na plantação de folhosas autóctones, em local pré definido para o efeito.
12:30h – Regresso dos alunos à Aigra Nova para Piquenique.
Almoço convívio com as entidades convidadas.
13:30h – Regresso à Escola EB 2,3 de Góis.
in www.rcarganil.com
Terça-feira, 24 de Março de 2009
Domingo, 22 de Março de 2009
A nossa Aldeia ficou mais pobre com o falecimento da nossa mais antiga
conterrânea " Ti Fidalga", como era carinhosamente tratada.
Com a bonita idade de 93 anos completados há pouco tempo (como foi notíciado), acabou de nos deixar nesta madrugada no Hospital dos Capuchos em Lisboa onde se encontrava internada na sequência de um problema de saúde.
À familia enlutada, os meus sinceros pêsames
in
http://povorais.blogs.sapo.pt
Na madrugada do dia 29 de Março (domingo), a Hora Legal muda do regime de Inverno para o regime de Verão.
- Em Portugal continental e na Região Autónoma da Madeira, à 1:00 hora da manhã adiantamos o relógio de 60 minutos, passando para as 2:00 horas da manhã.
- Na Região Autónoma dos Açores a mudança será feita à meia-noite (00:00) de Domingo, dia 29 de Março, passando para a 1:00 hora da manhã, do mesmo dia
Sábado, 21 de Março de 2009
Sexta-feira, 20 de Março de 2009
Esporão
MEMÓRIAS E OBJECTOS DA ÉPOCA DA GUERRA DO ULTRAMAR
Eis os chamados AEROGRAMAS. Todo o espaço podia ser usado para se escrever, e era mesmo.
Diversos objectos da época, notas (Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, Timor, etc).
Revistas (Falcão, Cavaleiro Andante, Flama, Século Ilustrado, etc.) moedas e outros objectos.
Entre os quais uma baioneta do Exército Português e uma catana com a inscrição "FNLA - Vitória")
PODEM REDUZIR DURANTE O VERÃO
A utilização de fogos controlados no Inverno reduz a matéria combustível e o risco de incêndios florestais durante o Verão, defendeu hoje, em Góis, um investigador da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC).
"Temos dados que mostram uma grande degradação dos solos e dos ecossistemas depois dos incêndios florestais. Os fogos controlados são uma medida que pode ser usada, sobretudo durante os meses de Inverno, para reduzir o combustível e o risco dos incêndios durante o Verão", disse aos jornalistas António Dinis Ferreira.
O docente da ESAC integra uma equipa coordenada pela investigadora holandesa Cathelijne Stoof, que hoje realizou um fogo experimental numa encosta junto aos Penedos de Góis, experiência inserida no projecto da União Europeia 'Desire', que pretende combater a desertificação.
Na parcela de cerca de 10 hectares de terreno baldio, em declive acentuado e povoado por pequenos arbustos, as chamas foram ateadas e depois controladas por equipas de Sapadores Florestais.
Dinis Ferreira lembrou que em Portugal já existem "muitos meios" de prevenção e combate a incêndios florestais mas, ainda assim, a floresta "continua a arder".
"Neste momento o que nos falta é fazer a gestão dos combustíveis, dos matos. Esta [o fogo controlado] é uma das técnicas possíveis para fazer essa gestão, também já começa a ser utilizada sobre pinheiro e eucalipto", afirmou.
Segundo o investigador, caso a área adjacente àquela hoje utilizada para o fogo experimental fosse afectada por um incêndio florestal, as chamas acabariam por se deter no terreno baldio.
"Um incêndio florestal chega aqui e pára", garantiu, referindo que o solo afectado hoje pelas chamas vai regenerar-se rapidamente e, durante o Verão, terá "pequenos arbustos e pouca matéria combustível".
O desenvolvimento do incêndio de hoje foi monitorizado pelos investigadores - as chamas, de intensidade moderada, registaram temperaturas máximas de 870 graus centígrados, "ligeiramente acima do esperado" - e vão agora analisar o solo afectado para perceberem as razões das cheias e da erosão.
"As nossas análises preliminares mostram que o fogo controlado tem um efeito muito suave sobre as questões da conservação do solo e da água. Será uma técnica que pode ser usada para preservar os ecossistemas nestas regiões", frisou Dinis Ferreira.
O projecto de investigação, coordenado pela especialista em solos e hidrologia da universidade holandesa de Wageningen, integra, para além da Escola Superior Agrária de Coimbra, a Universidade de Swansea (País de Gales, Reino Unido).
In O Ribeira de Pera, 15/03/2009
Quinta-feira, 19 de Março de 2009
Não podia deixar de transcrever este comentário apesar de anónimo , mas que faz tudo o sentido.
in comentários no Blogois
O AXtrail®series - Circuito de corrida de montanha nas Aldeias do Xisto
" Anónimo disse...
É de extrema importância fazer a divulgação por mercados onde se possa importar turistas com poder de compra. Seria extremamente errado apostar no turismo de massas, sob pena de se degradar a paisagem e se perder todo o seu valor intrínseco. O Sítio não deve ser banalizado: deve ser valorizado com a dignidade. Deve haver honestidade intelectual na sua preservação e exploração.
Queria deixar aqui algumas notas soltas de apelo à inteligência:
1º As coisas não são bonitas só de se verem: são bonitas de se sentir, de causar arrepios pelo mistério que as envolve. A iluminação, mal projectada, nas Aldeias de Xisto causa uma poluição visual que retira o encanto e o mistério ao Sítio. O mau gosto dos candeeiros é um pormenor de somenos importância, quando comparado com um cenário de céu laranja, banalizado como nos centros populacionais.
2º Destruíram caminhos que estavam sulcados pela passagem ancestral dos rodados dos carros de bois. Um património incrível, tapado com cubos de granito. Para não falar nas bermas com blocos de cimento: horrível, sem qualidade, sem dignidade,
3º É com regularidade que comitivas de motociclistas passam pela zona dos Penedos de Góis: semanalmente a Natureza é confrontada com um barulho ensurdecedor, tal como nas grandes cidades. Não estou a ver os amantes da Natureza a coabitar com tais práticas e a repetir o regresso.
4º É com grande tristeza que se vê a Lomba do Mouro transformada em parque industrial: sim, a bateria de aerogeradores é incompatível com a rusticidade do Sítio. É triste e quase me dá vontade de chorar quando olho para tal cenário. A Serra ficou mais pobre. Da mesma maneira que a cúpula da capela do Mosteiros dos Jerónimos nunca há-de ter um aerogerador, porque se trata de um Monumento Nacional, nos Penedos de Gois e zonas envolventes deveria acontecer a mesma coisa: é um Monumento Natural. A propósito, à semelhança do que foi feito para as Portas de Rodão, já se lembraram de propor a classificação dos Penedos de Góis para Monumento Natural?
Utilize-se o Sítio com sabedoria. Saibam tirar dele a riqueza suficiente, com inteligência e sem ganância, para o não estragar.
Haja inteligência e saber."
Domingo, 15 de Março de 2009
Nem só de pão vive o Homem! As letras, e a poesia em particular também nos alimentam!
O amigo ANTÓNIO MR MARTINS, acabou de lançar com exito o seu primeiro livro de poemas a que deu o título de "Ser Poeta", cuja edição esteve a cargo da editora Temas Originais Lda. O evento teve lugar em Lisboa, ontem pelas 19h00.
Antonio MR Martins, é oriundo do concelho vizinho de Gois e é o autor do blogue http://notasdecarvalhal-miudoeladeirasdegois.blogspot.com/, e colaborador da Luso-Poemas. Já no seu blog é notória a excelência da escrita que é confirmada pela qualidade dos seus poemas.
António MR Martins, no lançamento deste seu primeiro livro de poemas contou com a presença de dezenas de amigos que encheram o auditório, onde tive a oportunidade de conhecer alguns amigos bloguers:
http://impulsosdalma.blogspot.com/, da Cleo com origem na freguesia da Benfeita, concelho de Arganil e http://sobreirasdoesporao.blogspot.com/; http://penedos.blogs.sapo.pt/; http://povorais.blogs.sapo.pt/, do concelho de Gois.
Habemos Poeta!
in
http://rouxinoldepomares.blogs.sapo.pt
Quinta-feira, 12 de Março de 2009
20 de Junho
Percurso AXtrail® Gois
Com 11,7km de comprimento e um desnível acumulado de 860m, o AXtrail® de Góis percorre caminhos antigos de grande tecnicidade e alguns (inevitáveis) estradões. O forte relevo do terreno, os Penedos de Gois e as Aldeias do Xisto da Pena, Comareira e Aigras Nova e Velha misturam-se em paisagens de cortar a respiração
Ponte Vales das Eiras
Povorais
"casita"
Penedos
Pena
Nota:
Prova que tambem passa pelos Povorais
in
AXTrail Gois
Convocatória
Nos termos dos Estatutos desta Casa, convoco a Assembleia Geral Ordinária da Casa do Concelho de Góis, para reunir no próximo dia 21 de Março de 2009, pelas 15,00 horas, na sua sede, Rua de Santa Marta, 47 R/C direito, em Lisboa, com a seguinte Ordem de Trabalhos:
1º. Apreciação, discussão e votação do Relatório e Contas e o Parecer do Concelho Fiscal referente ao ano de 2008;
2º. Apresentação de qualquer outro assunto de carácter Associativo e Regionalista.
Não havendo à hora marcada, o número legal de sócios a Assembleia funcionará uma hora depois em segunda convocação com quaquer número de associados.
Lisboa, 2 de Fevereiro de 2009
O Presidente Da Assembleia Geral
Prof. Dr. Carlos Alberto da Silva Poiares
NOTA - O Relatório e Contas estão
à disposição dos sócios na sede
Domingo, 8 de Março de 2009
Quinta-feira, 5 de Março de 2009
Fotografia de António Dinis
em Vila Nova do Ceira
No próximo dia 14 de Março, vai realizar-se um Grande Jantar de Apoio à Candidatura
de Maria de Lurdes Castanheira à Câmara Municipal de Góis, nas Autárquicas 2009
Esta iniciativa vai ter lugar no Pavilhão Gimnodesportivo de Vila Nova do Ceira [
Casa do Povo de VNC], concelho de Góis, pelas 20 Horas.
Entretanto as inscrições podem ser efectuadas através dos seguintes contactos:
Sónia Adão - 919 878 919, Ana Paula Gonçalves - 919 513 312,
Miguel Mourão - 919 767 706, Rui Catarino - 917 448 325,
Elizabete Rita - 913 471 093,Mila Vidal - 962 716 728,
Elizabete Ascensão - 967 909 141, José Rodrigues - 968 319 587;
Dalila Neves – 91 4823661; Filipe Carvalho – 91 7929111
Lurdes Barata – 91 9340042
Email : jantardeapoiocandidatura@gmail.com
eleita para os órgãos nacionais do PS
O Secretariado da Comissão Política Concelhia de Góis do Partido Socialista [CPC], congratula-se pela eleição da Camarada Maria de Lurdes Castanheira, Presidente da CPC de Góis e simultaneamente Presidente do Departamento Federativo de Coimbra das Mulheres Socialistas, para a Comissão Nacional do PS, o mais importante órgão do Partido entre Congressos, integrando a lista apresentada pelo Secretário-Geral, José Sócrates.
Esta eleição, que decorreu durante o XVI Congresso Nacional do PS realizado no passado fim-de-semana, constitui um motivo de orgulho e satisfação para todos os Socialistas de Góis e vem reforçar as responsabilidades de Maria de Lurdes Castanheira no âmbito do Partido, sendo um reconhecimento por parte das estruturas do PS, das capacidades de trabalho e de liderança que revela e da constante defesa dos valores e princípios do Partido Socialista.
O Secretariado da C.P.C. de Góis felicita Maria de Lurdes Castanheira, Candidata do PS à Câmara Municipal de Góis e formula votos dos melhores êxitos no desempenho de tão importantes funções.
Secretariado da Comissão Política Concelhia de Góis do Partido Socialista
in www.aprincesadoalva.com
Segunda-feira, 2 de Março de 2009
DIÁRIO DE VIAGEM DO JORNALISTA NUNO FERREIRA (EX-EXPRESSO, EX-PÚBLICO)
QUE EM FINAL DE FEVEREIRO DE 2008 INICIOU EM SAGRES A TRAVESSIA
A PÉ DE PORTUGAL.
CORTA FOGO EM DIRECÇÃO AO CONCELHO DE GÓIS
POVORAIS (GÓIS) VISTA DO CORTA FOGO
A CAMINHO DE POVORAIS
CAMINHO ENTRE TREVIM E POVORAIS
NO TOPO DA SERRA, DO LADO DO CONCELHO DE GÓIS
CASA DE POVORAIS (GÓIS)
"PENA? É POR ALI!" (EM POVORAIS, GÓIS)
POVORAIS (GÓIS)
PENA (GÓIS) VISTA DO CAMINHO DAS FRAGAS
PENA
PENA- AIGRA VELHA (GÓIS)
A CAMINHO DE AIGRA NOVA (GÓIS)
AIGRA NOVA LÁ EM BAIXO
COMAREIRA
FÁBRICA DE PAPEL ABANDONADA EM PONTE DO SÓTÃO (GÓIS)
PONTE DO SÓTÃO (GÓIS) VISTA DA ESTRADA PARA VILA NOVA DO CEIRA
VILA NOVA DO CEIRA, 16 DE OUTUBRO DE 2008
VILA NOVA DO CEIRA-GÓIS A 16 DE OUTUBRO DE 2008
NA SERRA DA LOUSÃ
O homem velho tinha um boné vermelho na cabeça. Cortava rente pinheirinhos inofensivos junto a uma Ford encarnada gasta e sumida, a parte traseira semeada de resina e pedaços desfeitos de toros de madeira. A placa de matrícula era daquelas antigas, de fundo preto e letras e números brancos. Avistei-o do corta-fogo, a uma distância suficiente para não que me avistasse a mim. Quando desci a serra, já a luz ía a meio, cortada em diagonal pelas copas dos pinheiros plantados em filas muito certas e correctas. Passara por uma placa onde lera “maternidade das árvores” e calculara que aquela fosse uma parcela semeada de filhotes, fruto do labor de quem ainda ama a montanha.
O homem velho já estacara e se plantara em frente à dianteira do camião, uma expressão de desconfiança e interrogação no rosto. Não sorriu mas também não foi deliberadamente hostil. “Você anda perdido?” Eu vira-me no topo da Serra da Lousã entre as antenas de comunicações e a pista vazia e solitária do Trevim por volta das quatro da tarde e aventurara-me a descer o corta-fogo que rasgava a encosta como um tobogan enlameado. “Daqui para baixo você não vai a lado nenhum, é só matagal, silvas e pedras”.
Eu queria alcançar as bandas de Góis. Partira de Castanheira de Pêra nessa manhã. Em Outubro, a piscina das Rocas, onde em Agosto milhares de pessoas brincam nas ondas artificiais, está posta em sossego. Não é mais uma piscina, é antes um lago parado e tranquilo, umas palmeiras azuis holywodianas a contradizer todo o restante cenário serrano. Abalei dali sem grande vontade de ficar. “Então, não se faz nada?”, perguntou um de dois varredores numa travessa.
O caminho em Outubro faz-se de folhas amareladas e avermelhadas das vinhas e forra-se das cascas espinhosas das castanhas. Cheira a mosto sempre que me aproximo de uma casa. De vez enquanto alguém assoma a uma janela ou cruza uma esquina. É quase meio dia quanto alcanço o Coentral, o último posto humano antes da liberdade suprema da serra.
Os homens, todos em idade de reforma, rodam os copos no café da aldeia, insultam-se alegremente- “ainda era gajo para te ir ao rabo”-e conversam sobre a castanha. “Eu vendo castanha”, diz um, o mais falador e o que entorna mais líquido pelas goelas. “ Vendo castanha. Não é essa merda que aparece lá na feira de Castanheira”. Um aldeão expectante solta umas fumaças junto à porta. Escuta a conversa e goza o sol primaveril de um Outono reluctante. Não chove, não faz frio, é a primavera na serra em Outubro. Um fio curto de água a lamber as rochas é tudo o que resta da cascata do Coentral. “A ribeira está quase seca”, lamenta uma mulher.
O outro a dar-lhe com a mesma lengalenga. “A minha castanha é castanha. E não a vendo a dois euros como alguns. Um euro e meio e há um aí que não leva nenhuma este ano”. Faz-se silêncio, um vazio calculado para que o outro homem possa perguntar “quem?”. “O António. Encomendou-me dez quilos ano passado e ainda cá faltam os 15 euros. Este ano vá pedir a outro”.
Dali para cima são mais uns cinco ou seis quilómetros até à Capela de Santo António da Neve e aos neveiros. Reza a História que terá sido o neveiro da casa real que a mandou construir no século XVIII, de seu nome Júlio Pereira de Castro, para que as pessoas que trabalhavam então nos neveiros pudessem assistir à missa. Ali não há ninguém, nada a não ser um silêncio perturbante. Calco pequenos troncos entre ervas macias e verdes, respiro o ar puro e absoluto da Lousã e espreito os neveiros vazios. São redondos, em pedra, grandes o suficiente para armazenar ali durante o inverno a neve que abastecia no Verão a corte e a “Casa das Neves”, o Café Martinho da Arcada, em Lisboa.
Um pouco mais acima fica a pista de aviação do Trevim. Alguém, amante da natureza, escreveu em defesa dos veados livres na pequena casa assombrada que dá assistência aos aviões na época dos fogos. Agora, pode-se pular, dançar, cantar, inalar com todo o tempo do mundo os ares que cruzam a fronteira invisível do concelho de Castanheira de Pêra e o de Góis.
O homem velho do boné vermelho vira-me a descer furiosamente o corta-fogo que rasga a encosta desde o cabeço e na aproximação ao camião, estacou. Sabia que dali o incauto caminhante não passava mais. “Para as bandas de Góis? Você vai ter que andar muito. Está a ver aquela aldeia ali do outro lado, chama-se Povorais. Siga por esse caminho aí à direita, sim, esse aí e vá sempre em frente mas vai ter que andar muito”.
Caminhei até me doerem as barrigas dos músculos das pernas. Um solitário alcoolizado dormitava junto a umas placas tortas a indicarem Povorais para um lado e Góis para o outro. “Bocê num sabe, bocê num sabe…Góis é loonge”. A boca parecia um saco de batatas. Segui o conselho do homem velho. Desisti da estrada de asfalto e segui de novo pela terra batida. Povorais é um pequeno amontoado de casas perdido no verde da encosta.
“Você agora vai sempre em frente até à Pena, sempre em frente”, gritou uma mulher. “Vai sempre em frente”. Cocei a cabeça à medida que o tapete verdejante se foi estreitando. A princípio, perdi-me junto a um galinheiro e umas hortas. Mais tarde, a trilha dividiu-se em três. Sempre em frente? Calculei a aldeia da Pena do lado direito. Dei por mim atolado num carreiro enlameado, entre fragas. Até que ela apareceu, a Pena, o casario muito lá em baixo numa correnteza encosta acima, os telhados muito vermelhos, vozes de crianças a ecoarem no vale.
Seriam umas sete da tarde quando cruzei a ribeira da Pena, os penedos já cobertos pela sombra. “Café? Só no Esporão, mas ande depressa, ainda vai ter que andar bem até ao Esporão”. Cheguei ao restaurante regional do Esporão a tempo de devorar um jantar de lombo e vinho e em conversa com um pedreiro de Arganil, atendido por uma moça de óculos graduados a sorrir muito por detrás do balcão. “Qualquer coisa é só pedir. Castanheira de Pêra a pé? Isso são muitos quilómetros.
(continua)
in
http://portugalape.blogspot.com
Domingo, 1 de Março de 2009