A BLC 3 – Plataforma para o Desenvolvimento da Região Interior Centro, com sede em Oliveira do Hospital acaba de conseguir fabricar, em laboratório, pela primeira vez a nível mundial, biocrude proveniente da giesta.
Segundo a BLC 3 o biocrude vai agora ser refinado, à escala laboratorial, para obter biocombustíveis substitutos da gasolina e do gasóleo. “Este resultado científico, conseguido através de uma espécie autóctone bastante rica em açucares e com grande capacidade de se multiplicar sem a intervenção direta do homem, vem abrir uma excelente perspetiva para a obtenção de biocombustíveis de 2ª geração, no âmbito do projeto que a BLC 3 se encontra a desenvolver – o BioRefina-Ter – e cuja pré-candidatura aos fundos comunitários, no valor de 118 milhões de euros foi recentemente apresentada em Bruxelas”, refere João Nunes responsável da plataforma.
O BioRefina-Ter foi considerado pelo Laboratório Nacional de Energia e Geologia como “um projeto prioritário e de grande interesse nacional”, tendo conseguido “atrair uma rede de conhecimento que engloba vinte entidades de I&D de dois países europeus, facto que permite assegurar a criação de um consórcio de excelência para o desenvolvimento de uma das mais promissoras indústrias do século XXI – a bioenergia”.
Numa primeira fase, o projeto, que no ano passado foi financiado pelo Fundo Florestal Permanente em 500 mil euros, abrangerá os concelhos de Oliveira dom Hospital, Tábua, Arganil e Góis, através da construção de uma Biorrefinaria de demonstração com capacidade para produzir cerca de 25 milhões de litros de biocombustíveis de segunda geração com base em vegetação espontânea.
Quando o conceito tecnológico estiver provado e a logística operacionalizada, o BioRefina-Ter tem a pretensão de alavancar a indústria nacional de bioenergia, replicando o modelo em todo o país, por via de uma biorrefinaria que poderá gerar entre 250 a 300 milhões de litros de biocombustíveis.
De acordo com os estudos científicos que vêm sendo efetuados, o BioRefina-Ter revela-se como um “projeto altamente estratégico para reduzir a dependência dos derivados do petróleo, estimando-se que possa gerar em Portugal uma poupança anual de 1.500 milhões de euros nas importações de petróleo”, assegura João Nunes.
Uma das particularidades deste projeto, que procura valorizar no território a vegetação que hoje está destinada a ser devorada pelos incêndios florestais, “prende-se com o facto de não entrar em competição nem com as culturas alimentares nem com a floresta, uma vez que tem como principal matéria-prima os matos e incultos existentes em solos esqueléticos e sem capacidade para uso agrícola rentável”.
in Diario das Beiras 21.11.11