Esta Lua encantou-me pelo brilho na noite estrelada, sem luzes de cidade, quase a esconder-se no Penedo de Góis.
Eu bem que podia ser o grilo, mas não canto.
Em quarto crescente muito brilhante, com Marte mesmo ao lado, que não apanhei nos clics.
No início de um novo dia, pouco passava da meia-noite de sábado passado, estive a olhá-la.
O termómetro marcava 30 graus centígrados.
O silêncio era cortado apenas pelos ralos.
O sono tardava em vir.
«- Bonita noite de Primavera, vizinho Ralo! – Comenta o grilo, à porta da toca.- Mas talvez ainda um pouco fresca… – Contrapõe o vizinho, lá do seu buraco.- Ora, ora, para mim está excelente! – Exclama o insecto saltador.- Quer dizer que vamos ter serenata… – Insinua o ralo.O grilo levanta as asas:- Claro. Ou até uma desgarrada! – E logo, temeroso: - Não me diga que quer ficar de fora?!- Não, não. Por mim, estou pronto para cantar a qualquer hora!- Antes assim. – Diz o grilo.E ficam, o grilo e o ralo, a afinar o canto no canto do jardim.»Soledade Martinho CostaDo livro "Histórias que a Primavera me Contou"Ed. Publicações Europa-América