Sábado, 23 de Junho de 2012
Adriano Pacheco acaba de publicar mais um livro. Chama-se O Moço de Esquina e, nele, o autor continua a descrever e a tipificar os modos de vida dos migrantes internos que a partir das décadas vinte e trinta do século passado, e mesmo antes, começaram a eleger Lisboa como destino privilegiado. Neste caso, centra-se no moço de esquina.
Moço de esquina foi uma das profissões a que os referidos migrantes se dedicaram, para sobreviverem e vencerem na grande cidade onde buscavam a melhoria das condições de vida. Digo vencerem, porque, ao tempo e de um modo geral, quem partia eram os homens e partiam para regressar, fazendo-o logo que conseguiam amealhar o necessário para comprar terra, e fazer casa ou melhorar a que já possuíam nas aldeias de origem. Numa localidade tão pequena quanto aquela em que resido, olho pela janela e vejo três casas que datam desse tempo, e foram construídas precisamente por ex-moços de esquina. Recorrendo às memórias da minha infância, vejo o “ti” Urbano grande e possante, mas o “ti” Artur e o meu tio-avô Manuel Martins tão pequenos e magros, que me pergunto, depois de ter lido Adriano Pacheco, como podem ter exercido tal profissão!
Segundo o autor, moço de esquina é “um trabalho de fácil aprendizagem, que apenas requeria força, alguma astúcia e bom conhecimento dos bairros da cidade”. Seria, pois, uma profissão intelectualmente pouco exigente e de fácil acesso, assim restasse livre alguma esquina potencialmente generosa! No entanto, embora o analfabetismo limitasse as expetativas de muitos, a opção pela atividade de moço de esquina também pode ter-se ficado a dever ao facto de os migrantes beirões representarem a profissão como trabalho por conta própria, o mesmo tendo acontecido com outras. Na realidade, com traços de personalidade não raro contraditórios, os beirões eram muito ciosos da sua independência, como o “Escadote” e outros personagens acabam por sugerir. As razões não vêm ao caso, mas prendem-se com a estrutura da propriedade e do trabalho existente na região, que fazia de muitos ao mesmo tempo patrões e empregados. Além disso, uma vez que partiam para regressar deixando as famílias na terra, o trabalho por conta própria permitia-lhes temporadas mais ou menos longas em casa, ajudando na agricultura de subsistência ou por outros motivos.
No livro, cujo enredo se passa em vai e vem entre a cidade e a aldeia, a mudança vai acontecendo, e serve de contexto ao autor para abordar problemáticas então emergentes e que ainda hoje permanecem atuais, como o papel da educação para o desenvolvimento e o emprego sustentados. Simultaneamente, tipifica e regista muitas das caraterísticas e idiossincrasias das populações (e)migrantes.
No presente contexto social de desmaterialização significativa do trabalho e do emprego, é muito interessante a descrição de uma profissão que tanto tinha de físico e material! Sem esquecer, naturalmente, a matreirice e os estratagemas dos profissionais do ramo, que o autor tão bem retrata através do protagonista “Escadote”. Quem conheceu o cidadão que em parte inspirou Adriano Pacheco não deixa de se admirar, quem conhece as consequências do seu gesto final também não.
Gostei de livro. Embora repetindo-me em relação ao que já disse a propósito de outras obras do autor, não posso deixar de expressar o meu apreço e agradecimento pelo extraordinário labor e empenho que Adriano Pacheco tem posto no registo e na atribuição de protagonismo literário à experiência e à história dos que a história tende a esquecer. “Um pouco do legado que transportamos”, muito para a memória coletiva de todos.
Lisete de Matos
Açor, Colmeal, 1 de Junho de 2012.
upfc-colmeal-gois.blogspot.pt
Quarta-feira, 20 de Junho de 2012
Segunda-feira, 18 de Junho de 2012
Domingo, 17 de Junho de 2012
NA CASA DO CONCELHO DE GÓIS
Com a mesa composta pelo presidente do Conselho Regional Dr. Luís Martins, Dr. Jorge Luís representante da Câmara M. de Lisboa e técnico do Gabinete de Estudos Olisiponenses, Eng.º João Coelho revisor do texto e ex-presidente da Casa de Pedrógão Grande e Adriano Pacheco autor do livro “O Moço de Esquina”, o presidente da Mesa d’Honra deu início à sessão, começando por dizer que o evento fazia parte do programa cultural da Casa no corrente ano.
De seguida transmitiu os motivos da ausência da Senhora Presidente da Câmara Municipal de Góis, Dr.ª. Maria de Lurdes Castanheira, bem como do Senhor Presidente da Assembleia Municipal, passando de imediato à apresentação do convidado d’honra, como primeiro representante da Autarquia Lisbonense a visitar a Casa Regional do Concelho de Góis e Antropólogo do Gabinete de Estudos da Câmara de Lisboa, depois falou do Eng.º João Coelho como apresentador do livro em questão, terminandoem Adriano Pachecoautor do referido livro e de várias outras obras por si publicadas, bem conhecidas do público.
Com o salão bem preenchido, acomodando à volta de 50 pessoas, algumas das quais vindas de fora da capital, o Eng.º João Coelho iniciou a apresentação do livro “O Moço de Esquina”, dando relevo a todo o contexto de acção do protagonista, incluindo os vários cenários onde se movimentava, não esquecendo os ideais que prosseguia e as vivências que ia acumulando. Revelando assim a capacidade do autor em conseguir elaborar uma obra ficcionada, com base numa história verdadeira, chamando-lhe por isso um romance histórico, caminho que estava a desbravar num espaço que ia assim descobrindo.
Depois, o apresentador, num rasgo de eloquência e sabedoria, acompanhado de um bem elaborado trabalho em power point, de autoria de Gina Barata, projectando cenários das antigas profissões das ruas de Lisboa, foi dando conta da origem dos aguadeiros, da execução das suas tarefas, bem como da existência dos chafarizes. Do mesmo modo foi esclarecendo a proveniência dos transportes citadinos, destacando o célebre “Chora” que veio mais tarde a criar a camionagem Eduardo Jorge, homem natural de Arganil. Foram momentos enriquecedores de conhecimento em que se revelaram espaços frequentados pelo protagonista do “Moço de Esquina”.
Depois das breves palavras do representante da Câmara de Lisboa que disse da honra que teve em ter sido convidado para aquele evento, foi dada a palavra a Adriano Pacheco, autor do livro, que começou por cumprimentar os elementos da mesa e agradecer à Casa do Concelho de Góis, a toda a plateia presente e ao Dr., Jorge Luís, dando a conhecer o cartão de agradecimento da senhora Vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, Dr.ª Catarina Vaz Pinto. Enaltecendo o enorme prazer que lhe deu transmitir esta história que lhe acalentava o espírito, dadas as circunstância em que ela foi crescendo.
Abordou com ênfase, a escassez quase ausência de informação sobre o tema, bem como as dificuldades encontradas na busca de suporte para os custos de impressão gráfica do trabalho, suprido pelo contributo da Casa do Concelho de Góis, Câmara Municipal de Góis e o restante (talhada de leão) pela Gráfica Olegário Fernandes, SA, sem a qual o autor, para lá do seu trabalho e despesas inerentes, teria de suportar esse custo.
Os efeitos da crise que estamos a atravessar, sentem-se em todo o lado e atingem fortemente árias, como a da cultura, ainda tida como algo de supérfluo. Onde falta o pão do corpo, o primeiro a ser sacrificado é o pão do espírito.
in
jornal "O Varzeense "
Terça-feira, 12 de Junho de 2012
Segunda-feira, 11 de Junho de 2012
Apresentação dos livros de poesia "Máscara da Luz",
de António MR Martins, em Góis, no Auditório da Casa do Artista,
A mesa de honra. Da esquerda para a direita: - Drª. Dalila Neves, que apresentou a obra
"Memória das Cidades", o poeta Vítor Cintra, autor de "Memória das Cidades",
a Drª. Maria de Lurdes Castanheira, Presidente da Câmara Municipal de Góis, que abriu a sessão,
apresentou os autores e finalizou os trabalhos, o poeta António MR Martins,
autor de "Máscara da Luz" e Dina Neves, que apresentou a obra .
noticia na integra no blog:
ttp://poesia-avulsa.blogspot.pt
Sexta-feira, 1 de Junho de 2012
No sábado o dia começou mais cedo para os que tinham a responsabilidade de ter tudo em ordem no Parque de Merendas das Seladas para receber os participantes na Caminhada após a ida ao Cabeço do Gato. As condições atmosféricas pareciam estar a querer colaborar com uma temperatura mais agradável.
No Largo, antes das nove o “escritório” estava montado e após breves palavras de acolhimento e sugestões para o caminho foi dada a partida.
Do Cabeço do Gato a vista é deslumbrante. Buçaco, Caramulo e Estrela são algumas das serras que se vislumbram e até onde o olhar alcança. Mas houve quem levasse binóculos para ver ainda mais além. Serranias polvilhadas de aldeias, casais e lugarejos. Arganil sobressaía.
Olhando para o outro lado, Carvalhal, Aldeia Velha, Malhada, e o Soito um pouco mais abaixo, sinalizavam a presença da freguesia do Colmeal.
Lá no alto as eólicas, no gigantismo das suas silhuetas, iam girando.
Havia como que uma Comissão de Boas Vindas, com flores e tudo, à espera dos caminheiros.
E eles foram chegando, uns mais frescos do que outros, talvez pelos chuviscos breves que entretanto apareceram tocados pelo vento.
Foram muitos os que com alguma ginástica subiram o marco geodésico para a fotografia, aquela recordação para mais tarde atestar que estiveram no “tecto do mundo” aquando da caminhada.
Porque no itinerário atravessávamos a bonita e pequena aldeia, a Associação Amigos do Açor tinha-nos preparado uns “miminhos” para o retempero de forças.
Visitámos o mini museu organizado pela incansável Lisete de Matos, onde antigos utensílios usados pelos nossos pais e avós,
hoje são mesmo “peças de museu”.
Disponível ainda uma pequena brochura sobre o Açor, cuidadosamente preparada e recheada de excelentes fotografias.
A etapa seguinte iria terminar no simpático Parque de Merendas das Seladas onde os participantes eram aguardados para o almoço.
Carlos de Jesus, presidente da Junta de Freguesia do Colmeal, dirigiu palavras de saudação a todos, especialmente aos que pela primeira
vez se deslocaram ao Colmeal e não deixou de recordar António Alcindo de Almeida, colega do seu executivo e que prematuramente nos deixou.
Não podemos terminar este apontamento sem fazer uma referência ao grupo de profissionais da AXA Seguros que veio de Lisboa,
aos amigos que se deslocaram dos Cepos e de Tábua, ao Som Argus que nos proporcionou o ambiente musical e às senhoras que
nos presentearam mais uma vez com os seus excelentes bolos e doces.
José Álvaro Domingos, Francisco Silva e A. Domingos Santos
in
nota: noticia completa com fotos no blog