Adriano Pacheco
A longa e misteriosa narrativa sobre a Herdade de Alvares é extraordinariamente maior, quando lembrada pela força dos mitos vividos por várias gerações, do que pelo seu próprio espaço físico configurado nos mapas terrestres. Esta caminhada histórica não se enquadra apenas nas delimitações do espaço, nem nas obrigações e coimas estabelecidas e exaradas no Foral. Revelam-se com fulgor através das tradições, dos mitos, das vivências que nela foram recriadas e vividas por várias gerações, estabeleceram vida própria e fizeram o seu percurso normal durante cincos séculos.
A dinâmica criada à volta deste espaço, ao longo dos tempos, transvazou para lá das regras estabelecidas e prolongou-se nos séculos dando autenticidade e consistência a um documento célebre que o transformou no mais vivo e interessante conjunto de normas régias que hoje nos interroga. A vida comunitária da região não começou nele, é certo, mas é nele que a história se baseia e nos coloca perante factos concretos e recortes intrigantes.
O tempo foi dando lugar aos tempos que foram criando marcos históricos, irrefutáveis testemunhos das épocas áureas, como foi a Fábrica de lanifícios movida por uma roda de enormes dimensões, através duma queda de água que nas pás caía estrondosamente, a qual ia transmitindo movimento pelo seu eixo, a uma antiquíssima máquina de fiação produzindo fio entrançado em faixas de burel que iam secar na encosta do Caratão, onde os mitos à sua volta se incendiavam na manufaturação deste velho e grosso tecido castanho.
Essa roda viria a ser auxiliada por uma máquina (caldeira) a vapor, instalada logo à entrada do corpo central da fábrica, dando preciosa ajuda à roda em época de estio. São nossas as lembranças deste gigantesco engenho que fazia as delícias duma criança que encontrava encanto no seu maravilhoso e cadenciado movimento. As águas regressavam depois ao leito de onde tinham sido desencaminhadas para uma levada.
Para melhor combustão da lenha que alimentava caldeira desta máquina, foi construída a velha e eterna chaminé que hoje ainda é o testemunho mais visível dessa época áurea da indústria de lanifícios em Alvares. Conta-se que esta chaminé foi concebida e construída por um mestre pedreiro da Carrasqueira, criticada pela sua imponente edificação, com vaticínios de breve derrocada, ao qual o mestre respondeu que ainda haveria de fazer o pino na boca de saída lá nas alturas, depois de construída. Afinal ela ainda lá está forte, imponente e aprumada para orgulho de todos que a admiram, numa afronta às instalações da velha fábrica, última a produzir burel no País.
Temos escrito vezes sem fim que esta chaminé deveria ser tornada monumento da Vila, pela a autarquia, e preservada como património histórico mantendo-se como símbolo vivo duma época áurea desta região, que nem os tempos, nem os homens apagarão.
PÁSCOA DE SABORES | GÓIS
14 A 20 DE ABRIL
Segundo a tradição religiosa, a Quaresma impõe o jejum, conhecido por um longo período de privação. Com as festividades da Páscoa retomam-se os prazeres da boa mesa, assim, objetiva-se que o Concelho de Góis, durante o período de 14 a 20 de abril, se torne destino de eleição para os amantes da cozinha tradicional. Neste sentido, lança-se o desafio, os espaços de restauração do Concelho aderentes proporcionam a todos os visitantes e clientes momentos perfeitos de degustação dos saberes e sabores da Capital do Ceira.
Assim, das muitas iguarias tradicionais do concelho de Góis, o cardápio “Menu Páscoa de Sabores” existente nos restaurantes aderentes nestes dias será composto por:
requeijão com mel,
sopa de castanha,
cabrito assado (opção prato de carne),
truta (opção prato de peixe),
tigelada, arroz doce, filhós com mel ou “Gamelinhas - Doce Típico de Góis”
Por cada refeição servida, associada ao referido menu, o cliente recebe um pequeno brinde, lembrança do Município de Góis, solicite o seu!
Góis, um vale de sonho, que comemora este ano 9 séculos de história, privilegiado por belezas naturais que enchem os olhos e a alma…
RESTAURANTES ADERENTES
Restaurante "A Caravela" – 235 772 644
Restaurante "A Tranca da Barriga" – 235 772 271
Restaurante "O Beira Rio" – 235 771 176
Restaurante " Casa Ti Maria" – 912 703 071 *
Restaurante "A Élia" – 235 587 429
*(sujeito a marcação prévia)
Para mais informações e/ou esclarecimentos adicionais deverá contactar o Posto de Turismo 235 770 113 ou 963959872
email: turismo@cm-gois.pt
Adriano Pacheco
Vivemos um momento histórico que o destino nos colocou nas mãos com a responsabilidade de transmitirmos o legado cultural que nos coube por herança, cheio de mitos, tradições e realidades que a todo o momento nos assalta o espírito. As realidades reclamam a todo o momento e nos confrontam todos os dias! As tradições tendem em ser vividas e enquadradas nos novos tempos, com roupagens da atualidade. Os mitos, esses, formam o nosso mais belo tesouro cultural que se permitem, pela sua grandeza, à mais vasta e eloquente transmissão oral clamando pelo lugar da sua existência, com todas as consequências que daí advêm. Importa aqui darmos o melhor que temos e sabemos na busca dos alicerces mais genuínos da Herdade de Alvares. Somos poucos? Não somos assim tão poucos como isso…
Em criança chegou até nós uma “estória” cheia de cinzento mistério, transformada em lenda, que falava de um jovem, cujo padrinho conseguiu livrá-lo da serviço militar aquando do registo do seu batismo, dando-o como criança do sexo feminino. Esta situação vagueou pelos tempos com a habilidade e graça que os próprios tempos lhes iam permitindo num contexto nebuloso. Afinal, sabemos agora, que o mito tinha raízes e ganhou vida, segundo a descrição fundamentada do nosso amigo Aires Henriques, ao descrever o passado histórico do ilustre alvarense Hermano Neves, publicado na última edição deste Jornal.
Este destinto alvarense foi uma das grandes figuras de então, formou-se em medicina na Alemanha, depois passou pelo jornalismo como nos relata Aires Henriques: “Regressou a Portugal em 1909, depois de ser formado em medicina (…). Disposto a não exercer clinica, optou pelo jornalismo, aproveitando as suas aptidões inatas, da sua anterior experiência no Jornal “O Dia” (antes de ir para a Alemanha) e dando asas a essa grande paixão de sempre, ingressou assim como redator em o “O Século” de onde passou para o “Mundo”, de França Borges, onde se encontrava quando ocorreu a Revolução Republicana.”
“Foi então que Hermano Neves fez a cobertura dos acontecimentos de 4 e 5 de Outubro de 1910, que deu origem ao livro ‘Como Triunfou a República’. Mais adiante Aires Henriques complementa: “ Ainda que ávido de curiosidade e de saber, foi no exercício da sua atividade jornalística que Hermano Neves viajou pela Europa, Brasil e África. “Percorreu regiões inóspitas, andou meses numa verdadeira expedição (…) enviando reportagens vivas e coloridas dessas viagens pelas antigas colónias portuguesas”.
Somos de alguma forma um povo “errante”, cuja diáspora nos trouxe até aqui sem muitas vezes conhecermos bem, quem somos e por onde andamos. Devemos ser uns bons milhares, sempre com uma estrela que, de vez em quando, se acende de forma intermitente, dando alguma luz ao nosso pequeno mundo.
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